Total de visualizações de página

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Selo

SELO: LOUCOS POR CINEMA
Ganhei este selo do amigo Felipe do CAIXA DE PANDORA.
Estou muito feliz por ser o primeiro.
E para selar mais nossa amizade vou responder abaixo um questionário:


1)     Cite um de seus filmes preferidos um que você odiou:
        Gostei muito de: Enigma de outro mundo.
  Não gostei do: Um dia a casa cai.

2)      Qual filme você gostaria de ter feito parte?
      O Iluminado.

3)      Que filme você mudaria o final?
    Olhos famintos I.

4)      Quais os piores clichês do cinema?
               O mocinho não tem mãe e o pai foi comprar cigarro e não voltou mais.

5)      E os melhores?
          O happy end e o bem sempre vencer o mal.

6)      Qual seu gênero de filme preferido?
            Terror por ter epílogo improvável.

7)      Cite um de seus atores preferidos:
   Dustin Hoffman.

8)     E diretor:
  James Cameron

9)    Qual filme mudou sua forma de ver e o mundo e por quê?
  O Enigma de Kaspar Hauser.
        Este filme me fez perceber que a realidade é construída individualmente.
     
10)  Qual foi o 1° filme que você viu no cinema?
 A Última tentação de Cristo, que ninguém nem fala mais nele.

11)  Para você, o que não pode faltar num filme?
 Ficção porque a realidade já vivemos.

12)  Recomende um filme de acordo com cada gênero:
a)  Comédia: Um louco solto no espaço.
b)  Suspense: Psicose.
c)  Terror: O Exorcista.
d)  Ficção cientifica: 2001, uma odisséia no espaço.
 e) Fantasia: O Mágico de Oz.
 f)  Drama: Muito Além do Jardim.
 g) Trash:  Só se for reciclado.

 Nacional:  Central do Brasil.
 Musical:  Jesus Cristo Superstar.





terça-feira, 26 de abril de 2011

SOU QUASE QUASE

Desenho de Taciane, milha filha de cinco anos.



Sou quase normal,
Sou quase animal,
Sou quase autor,
Sou quase ator,
Sou quase poeta,
Sou quase profeta,
Sou quase solerte,
Sou quase inerte,
Sou quase sábio,
Sou quase hábil,
Sou quase perfeito,
Sou quase imperfeito,
Sou quase amado,
Sou quase desprezado,
Sou quase vivo,
Sou quase redivivo,
Sou quase nonada,
Sou quase nada,
Sou quase gente,
Sou quase indigente,
Sou quase melancólico,
Sou quase católico,
Sou quase risonho,
Sou quase sonho,
Sou quase caco,
Sou quase macaco,
Sou quase alguém,
Sou quase ninguém,
Sou quase angélico,
Sou quase evangélico,
Sou quase saudável,
Sou quase amável,
Sou quase sensível,
Sou quase irascível,
Sou quase divino,
Sou quase menino,
Sou quase fraterno,
Sou quase moderno,
Sou quase racional,
Sou quase emocional,
Sou quase fascista,
Sou quase egoísta,
Sou quase consciente,
Sou quase doente,
Sou quase pobre,
Sou quase nobre,
Sou quase doutor,
Sou quase professor,
Sou quase ermitão,
Sou quase cristão,
Sou quase feliz,
Sou quase aprendiz,
Sou quase absorto,
Sou quase morto,
Sou quase vegetal,
Sou quase vital,
Sou quase amigo,
Sou quase inimigo,
Sou quase calmo,
Sou quase salvo,
Sou quase malquisto,
Sou quase benquisto,
Sou quase vesano,
Sou quase arcano,
Sou quase perito,
Sou quase espírito,
Sou quase humano,
Sou quase magano,
Sou quase sortudo,
Sou quase tudo,
Sou quase ateu,
Sou quase meu,
Sou quase eu,
Sou quase, quase.

terça-feira, 19 de abril de 2011

O POBRE ESTUDANTE

Desenho de Taciane, minha filha de cinco anos.


Como o pobre pena para
Cursar a universidade:
Luta que nem um herói
Pra vencer adversidades,
Superar tabu e barreiras
E tanta dificuldade.

Desde o tempo de Dom Pedro
Quando dissera: “Eu fico”
Que toda universidade
Foi feita só para o rico,
Que estuda para ser médico
E o pobre quem paga o mico.

No final do ensino médio,
Deve ter muito proveito,
Passar no vestibular,
O caminho mais estreito,
Senão, deve estudar muito
Porque não há outro jeito.

Nas escolas superiores,
Não são para estudar pobre,
Mas com esforços consegue
E se torna em alguém nobre.
Com grande dedicação,
Muita verdade descobre.

O governo quer vendê-las
Para torná-las privadas,
Por isso quer sucateá-las
Pra que sejam reprovadas
Na sua própria avaliação,
Todavia, são aprovadas.

O mestre tem que cobrar
Do governo o que lhe deve,
Porque se não fizer isso,
Quem, portanto, que se atreve?
Suas únicas armas são
Passeata, protesto e greve.

Mesmo que a greve se inclua
Na grade curricular,
Tenho que estudar na pública
E não na particular,
Pela simples razão única
De eu não poder pagar.


Quando chaga a faculdade,
É aquela decepção:
O governo a sucateia
Para levá-la a leilão
Para que o pobre não estuda
Para o enganar na eleição.

Só se pode contratar
O professor substituto,
Que ganha uma mixaria
E sempre falta ao instituto
Porque nunca é punido
Por ser ensino gratuito.

A maioria dos professores
Não é afeita a ensinar:
Nos passam muito matéria
Só para nos avaliar,
Uns porque não têm didática;
Outros, nem sabem falar.

Também há bom professor,
Mesmo sem ser de carreira,
Que é muito intelectual:
Seu saber não tem fronteira;
Nos ensina com prazer
E sua aula não dá canseira.

Ainda assim, é a melhor,
Mesmo com tanta mazela,
Seu aluno tem melhor nível
Porque se esforça e cinzela;
Nós temos que preservá-la
Porque senão, ninguém zela.



Fiz este cordel depois da graduação. Se fizesse durante e divulgasse, talvez tivesse dificuldade de passar em alguma disciplina, pois é um desabafo.



terça-feira, 12 de abril de 2011

UMA COMÉDIA DIVINA

Desenho de Taciane, minha filha de cinco anos.
Eram dez para dezoito horas. Adônis estava quase atrasado. Correu até à parada de ônibus para ir à casa de Isolda, sua namorada. A pressa era em razão de a condução (interbairros) passar exatamente às dezoito horas, e só passaria novamente meia hora depois. O trajeto é longo, pois ele morava no bairro do Coroado (zona leste), ela, na Compensa (zona centro-oeste, tendo o Bairro do Centro como referência), apesar da azáfama, não esqueceu o livro que sua namorada lhe emprestara, ou melhor, fizera levá-lo para ler. Trata-se do clássico “A Divina Comédia” de Dante Alighieri. Isolda fazia o curso de Letras na Universidade Federal do Amazonas. Gostava muito de leitura, sobretudo dos autores clássicos gregos e latinos. Era uma jovem com vinte anos apenas, bonita e inteligente; cabelos lisos, típicos das amazônidas, olhos pretos amendoados, nariz médio afilado, rosto oval e cútis morena cor de jambo. Adônis também era jovem, com vinte e dois anos. Estatura acima da média, corpulento, pele branca, cabelos caracolados e olhos castanhos claros, descendente de nordestino. Depois de concluir o ensino médio, não quis mais saber de ler nem de estudar. Mas Isolda o aconselhava e o incentivava sobremaneira a estudar ou ler alguma coisa principalmente o que estava lendo e julgava interessante.
Adônis estava aproveitando o feriado de Sexta-Feira Santa para se encontrar com Isolda, pois ele trabalhava no distrito industrial da capital e só podia vê-la nos fins de semana. Apesar de ter folga à noite, não se viam porque ela estudava em curso noturno. Ia levando o livro (pela terceira vez) para devolvê-lo, mas Isolda perguntava sempre se ele o tinha lido; quando resposta era afirmativa, ela, então, queria saber do enredo, se ele não soubesse, mandava-o levar de volta. E, neste dia, ele tinha somente lido cinco laudas. Achou muito complicado entendê-lo porque estava em verso. Mesmo assim, tentou novamente devolvê-lo.
-Oi!
-Oi!
-Eis seu livro.
-Leu todo?
-Sim. Li.
-Duvido!
-Ah, não li não. Você sabe que eu não tenho hábito de leitura. Já deixei de estudar com preguiça de ler. Ainda mais um calhamaço desse e supercomplicado assim...
-Ah, não diga isso, amor... Ler faz bem à alma, a leitura é o alimento para o espírito. Assim como precisamos alimentar nosso corpo, necessitamos também manter o intelecto ativo através do exercício mental que praticamos ao ler.
- Mas dizem que ler muito deixa a pessoa doida.
-Não... Você sabe que isso é crendice. É só pretexto para justificar o marasmo mental para não ler. Nunca vi nem ouvi falar de alguém que enlouqueceu por causa de leitura.
-Não vou mais levá-lo!
-Ah, lhe falei que quando ler o “Primeiro Canto”, vai gostar. Um livro nos ensina muito, liberta e nos desperta para o conhecimento do mundo e da vida, aumenta nosso vocabulário, e ainda nos prepara para sairmos de uma série de situações embaraçosas com as quais nos deparamos no cotidiano.
-Táá! Tudo bem, eu levo novamente.
E assim ela o convenceu  (outra vez) de levar o livro para ler. Já eram vinte e três horas quando ele se despediu de Isolda e se dirigiu para a parada de ônibus que ficava um pouco distante. Ao se aproximar de um beco penumbroso, foi interpelado por uma gangue armada que o cercou:
-Parado aí, otário!
Adônis, atônito, não falou nada. Apenas levantou os braços a partir dos cotoveles.
-Queremos tudo que você tem aí! Ordenou o líder, olhando para ele e observando o livro grande de capa preta  embaixo do braço esquerdo de Adônis. Ele vestia uma camisa manga longa cinza de cambraia, calça e sapato pretos.
-Você é crente?
-Sim! Sim! Sou.
-Então, pode ir embora. Não mexo com essa gente. Mamãe também é. E hoje é Sexta-Feira Santa, fazer mal para vocês dá um azar danado.
Adônis saiu quase correndo, prometendo para si próprio ler o livro todo, ao chegar à sua casa e já começou a lê-lo no ônibus.


Fiz este conto para incentivar a leitura e homenagear a obra "A DIVINA COMÉDIA" de Dante Alighieri.


segunda-feira, 4 de abril de 2011

HAICAIS PARTE 2




Como tudo no Japão é diminuto e eficiente, o haicai não uma exceção.
Para quem não conhece, Haicai é um poema de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objetividade e chegou ao Brasil no início do século 20 e hoje conta com muitos praticantes e estudiosos brasileiros. No Japão e na maioria dos países do mundo, é conhecido como haiku. O Haicai é feito da seguinte forma:

 -Consiste em 17 sílabas poéticas, divididas em três versos de 5, 7 e 5 sílabas;

- Contém alguma referência à natureza (diferente da natureza humana);

- Refere-se a um evento particular (ou seja, não é uma generalização);

- Apresenta tal evento como "acontecendo agora", e não no passado;

- Modernamente, apresenta um cunho humorístico. 

Ouvia sempre meus colegas falarem de haicai. Achava coisa de outro mundo. Meu professor, Zemaria Pinto, tem um livro intitulado “Corpo Enigma” feito em forma de haicai. Mas nunca tinha visto nem ele falava disso. Um dia, na livraria, vi um livro de Millôr Fernandes chamado Raiku do Millôr; li achei fácil e passei a fazer haicai a torto e a direito. Como o Millôr faz o verso de forma livre e rimado, pela influência dele, fiz inicialmente desta maneira. No Japão, é feito sem rima, mas na métrica perfeita. Para mim só tem graça se for rimado. 
Alguns exemplos de autores brasileiros,  japoneses e depois os meus:


Búfalos na estrada.
A lua viaja nos
lombos da manada.
(Luiz Bacelar)

"Formigas na porta
carregam o corpo
da cigarra morta."
(Luiz Barcelar)

cada haikai
uma nova peça
num quebra-cabeça sem fim
(George Swede)

O som da fúria
saúvas trabalhando
no torpor da tarde.
         ( Zemaria Pinto)

 Pétala caiu.
Se quis colorir o chão,
fez bem, conseguiu.
               (Carlos Antonholi)

Ameixa ao vento
na terra do haikai
triunfante se dissemina
(Matsuo Bashô)

Meio-dia e as sombras somem
Eis uma escondida
Embaixo do homem.
(Millôr Fernandes)

Autores portuguses, em homenagem ao amigo AC, do blog Interioridades:

Há um navio
afundado
com todo o passado à proa.
(Albano Martins)

Lágrimas salgadas–
o mar permanece nos olhos
desde o princípio
(Casimiro de Brito)


 vagueio pela praia–
as ondas perdem e ganham
reflexos de Sol.
(David Rodrigues)





 crescem flores bravas
no penhasco de ninguém–
só a voz do mar
(Leonilda Alfarrobinha)





Agora, os meus haicais:




Eu não me espelho

Em mim mesmo nem
Me olhando no espelho.

Não dá boa sorte,
Fazer um seguro de vida
Para receber na morte.

Não há  quem agüente
Ver no chão do hospital
Repleto de doente.

Brincando com o felino
No pátio da casa
Estava o menino.

Mais uma vez:
Ao cair no chão,
Um avião se desfez.

Foi no bar da esquina
Que vi o barnabé
Recebendo a propina.

Para sair da sarjeta,
O juiz do jogo
Recebeu a gorjeta.

No jogo de futebol,
Faltou energia
Bem no arrebol.


A pepita de ouro
Só é encontrada
Pelo garimpeiro louro.

Se escrevo com lápis,
Posso até ser relapso
Que corrijo o lapso.

Ao comer feijoada,
Ás vezes, a gente fica
Um pouca enjoada.

Se alguém tem pigarro,
É, com certeza,
Fruto do cigarro.

Mesmo com óculos,
Ela me conquistou
Com uns ósculos.

Fico perplexo
Quando ela me dar
Um forte amplexo.

No congestionamento,
A rua parece mais
Um estacionamento.

Não se pode calcular
O dispêndio mensal
Do pós-pago celular.

Consciência coletiva
É um ônibus com
Lotação relativa.

Está sem cartaz
O político que anda
Rodeado de capataz.

Apesar do borrasco,
O gaúcho não dispensa
O seu habitual churrasco.

“O tempo não pára”.
É pena que
Ninguém repara.


Não é só o senador
E nem o governador
Que enganam o eleitor.

O bode expiatório
Já está com distúrbio
De tipo respiratório.

Não faço verso poético,
Político, artístico
Muito menos ético.

Foi uma piada
A participação do Brasil
Na olimpíada.

Aumente seu vocabulário
Consultando sempre
Um bom dicionário.

Nenhum evangélico,
Por mais que se intitule,
Não angélico.

É certo que a morte
Nos levará independente
De sexo, cor, classe, sorte...

Continuaremos na esquina
Dos países ricos se ficarmos
Assim pagando propina.

Só o convênio com Jesus
Para curar um doente
Nos hospitais do SUS.

Para termos boa educação,
É necessário investir muito
No estudante de caução.

No capitalismo,
O que impera mesmo
É o egoísmo.

Mesmo remissiva,
Ela me escreveu
Uma missiva.

Nesta vida moderna,
Não tenho direito nem
Ao “ócio da caserna”.

A tv não só informa
Mas também conforma
E deforma.

Quanto maior o anel,
Maior é a incompetência
Do bacharel.

O que aconteceu?
A noiva sumiu
Véspera do himeneu!

O mundo se espanta
Com os eternos conflitos
Na “Terra Santa”.

“Penso, logo existo”;
É por isso que de pensar
Nunca desisto.

Ninguém aceita
A opinião do pregador
Que não segue a seita.

Todo mundo atura
Tanta formalidade
Na formatura.

Com sua gravata
Italiana, o parlamentar
Nos desfere bravata.

Já faz um tempão
Que o mundo tem fome, pois
Nem todos têm pão.

No seu aniversário,
Há tantos amigos seus
Quantos adversários.

Pegou fogo em tudo
Ao começar o desfile
No último entrudo.

Vão até em jumento,
Os romeiros pagar as
Promessas de juramento.

Foi só um desmaio
Que o atleta sofreu atingido
Por um forte raio.

Violência na pista,
A única solução:
É “recall de motorista.

É um absurdo
Ser atendido ao
Telefone por um surdo.

Foi um sacrifício
Socorrer os queimados
Dos fogos de artifício.

Casar
Sem enoivar,
Taí amar.

No Itamarati,
Nunca termina o rumor
Nem o tititi.

Para cuidar da estética,
A mulher nem o médico
Não ligam para estética.

Deixe de comezinho,
Porque vida boa é a
Vida do vizinho.

Queixa-se da sorte?
Faça um seguro de vida
Para o receber na morte.

Es la cucaracha
Que toma veneno
Y queda boracha.

No se olvide, hombre:
Hay mucha gente con hambre
Y tambiém sin nombre.

Cena cotidiana...
Aonde quer que se vá há
Uma fila indiana.




Nota: O meu critério para fazer os haicais é o cotidiano: fatos e acontecimentos, situação e circunstâncias no Brasil e no mundo. Desde o esporte à economia. Há também crítica na questão político-administrava. Acho que perceberam.