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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Psicologia de um vencido


Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão
e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme – este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e á vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

Augusto dos Anjos

Um comentário:

  1. Sou fascinado por esse poema.
    Tenho-o decorado há muito tempo.

    Obrigado por o lerem em meu blog!

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