Desenho de Taciane, minha filha com sete anos.
Márcio sempre ia ao bar no centro da cidade beber com amigos e namorada ou pretendente depois da faculdade e ficavam bebendo, sobretudo vinho até altas horas. Neste dia, ele foi sem namorada nem pretendente a um bar localizado na Rua 10 de julho. Havia um grupo semelhante ao lado. Estava uma moça entre eles que bebia desbragadamente e logo percebeu que ele a estava paquerando de soslaio. Ela correspondeu. Ao mudar de foco por um instante, ela se sentou a seu lado:
- Oi, tudo bem?
-Tudo bem?
- O que está tomando?
- Vinho. Quer um pouco?
- Sim. Quero muito!
- Está acompanhado?
- Agora estou.
- E você?
- Agora estou também.
- Como é teu nome?
- Márcio.
- O meu é Jana.
Depois disso, namoraram e beberam até três horas da manhã. O dono do bar pediu-lhes desculpas por ter que fechar. Os dois grupos se juntaram e decidiram procurar outro bar aberto. Eram sete pessoas. Estavam meio ébrios. Outros, meio sóbrios. Andaram rua a cima no silêncio da madrugada; os dois abraçados no meio da rua e os demais na calçada e na lateral. Encontraram uma certidão de casamento em branco. Eles brincaram de casar com juramento de amor com assinatura e tudo. Jana era uma mulher muito moderna no pensar e agir em relação a Márcio. Além de ser mais velha (dois anos), era bem mais vivida, tinha um filho de dois anos. Ele era pacato, recatado, tímido e de pouco experiência amorosa. Já ela, tinha a mente aberta para todos os sentidos: ela é o que se pode dizer que é pansexual. Ele gostou dela justamente por causa disso. Com ela, ele se realizava plenamente. Ela tomava psicotrópicos. Foi amor à primeira vista.
Quando chegaram próximo à Praça São Sebastião, ela pediu que ele a soltasse e fosse pela calçada. Ele olhou para frente e para trás, mas não viu ninguém nem nada, por isso não entendeu a atitude. Ela, então ordenou:
- Saia já daqui!
Ele saiu rapidamente. Foi para a calçada. Talvez fosse uma premonição. Repentinamente, ouviu-se um barulho de pancada. O olhou na direção, viu Jana girando no ar como uma hélice até cair no meio da rua. Alguém da turma gritou:
- Um carro a atropelou!
Todos correram para socorrê-la. Estava em estado lastimável: arranhada, machucado, cheia de hematoma, rosto desfigurado, pé quebrado e em delíquio. Logo chamaram táxi e a levaram para um pronto-socorro. Foram à delegacia para registrar o acidente, porém não houve dados suficientes para identificar o veículo nem sequer anotaram o número da placa: alguns sugeriram verificar se as câmaras do Teatro Amazonas registraram a cena, mas nada. Mais um crime impune. Depois, todos foram para suas casas. O Sol já anunciava sua chegada. Márcio contou tudo para sua mãe; ela ficou preocupadíssima. No dia seguinte, à tarde, foi visitá-la. Já estava bem melhor. Ela disse que só houve a fratura do pé e que daqui a uns cinco dias receberia alta. Enquanto isso, seu ex-marido soube e foi vê-la. Acabaram se reconciliando. Márcio, mesmo assim, ficou amigo dela com esperança de reatarem no futuro. Jana teve sequelas fenotípicas: manca de um pé. Outrossim, perdeu um sentido: olfato. Passado algum tempo, voltaram a se encontrar e acabaram ficando juntos. Até quando se soube, viveram bem e felizes.
Bento Sales
Tenho carinho especial por esse conto por ter estreado com ele aqui, no blog.
Bentinho, caro amigo.
ResponderExcluirEncontros e desencontros, encantos e desencantos da vida; e parece que é assim mesmo, como se fossemos personagens de uma novela movida a roteiro-surpresa, que nos faz e desfaz.
Lindo o desenho da Taci! Beijos a ela!
Amigo, muito obrigada pelo comentário em razão da minha parceria com a Luluzinha.
Grande abraço e ótimos dias!
Bom dia de domingo!!!
ResponderExcluirPassando para deixar um carinho
pela presença sempre constante no
meu cantinho, elogiar o que vc tem
de bom,pq vc é uma pessoa querida,eu
agradeço pela belas postagens
Abraços
Bjuss
Rita!!!!
Meu querido amigo uma história triste com um final feliz parabéns adoreiiii!!!
FOLHAS DE OUTONO HOJE TRAZ UMA SAUDADE PARA DEPOSITAR NOS FOLHAS SOLTAS !
ResponderExcluirMeu amiguinho querido!
Hoje venho vestida de saudades para desejar um domingo fenomenal.Mas fui surpreendida com esse conto espetacular.Tem a cara do meu amigo e,como gosto de ler tuas escritas pelo lado incentivador que te propõe sempre a nos oferecer,fico inerte com a tamanha da tua inteligência.
Na vida real vivenciamos ou somos vítimas de histórias reais bem assim mesmo.nossa vida é feita de mistérios e temos sempre um espetáculo para apresentar.
Sabia que minha vida é um conto ?
Rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsr
Se eu fosse contar daria muitos contossssssssssssssssssssss
Deixo um carinho para a Taci,como sempre cada dia mais aprimorada nos desenhos...
Pra ti deixo um beijo de dia de domingo enroladinho com a minha saudade !
Amigo Bento,
ResponderExcluirTudo bem? Fiquei pensando no seu texto como uma alusão a situações que precisam se descritalizarem para ocorrer mudanças de comportamentos e olhares. Situações trágicas aproximam ou afastam as pessoas, mas sem dúvida permitem a possibilidade reflexâo.
Sempre penso que o mal da situação pode ser a condição de resignificação ou mesmo de encontro em meio ao um desencontro. Penso que a equação é exata, mesmo que haja possibilidade de simulação.
Bom domingo e obrigada pelos comentários que me ajudaram no crescimento.
Lu
Surpreendente como os fatos da vida registram-se no "O Encontro"... Pessoas que se unem na alegria, na tristeza, na saúde ou na doença e / ou na boêmia deixam marcas umas às outras. De certa forma, complementam-se. Muito real com doses romantizadas.
ResponderExcluirPercebo que a querida Taciane completou 7 aninhos! Vivas! Lindos coraçõezinhos simbolizando o "amor"! Parabéns, Taciane!
Bj. Célia.
Oi Bento,
ResponderExcluirhistórias da vida! Tão reais! Mesmo quando nascem do pensamento de um poeta! Um lindo conto.
Parabéns pelo aniversário da sua filhinha!
grande abraço
Leila
Boa noite, Bento. Sinceramente eu não sei te explicar mesmo, pois quando eu comecei a ler esse conto eu fiquei extremamente arrepiada nas minhas pernas.
ResponderExcluirNão sei dizer o porquê que os meu olhos ficaram repletos de lágrimas antes que eu visse o desfecho, contudo, foi o que eu senti.
Para tudo há uma explicação, mas para isso não tenho.
Lindo demais o conto, um reflexo da realidade que impera: a impunidade.
A vida é totalmente impresivível, mesmo ela voltando para o marido a esperança dele não morreu, e por fim, acabaram juntos e felizes!
Acredito que a vida possa trazer tais surpresas, acredito que tudo está escrito.
Parabéns!
Beijos na alma, e muitas saudades,faz tempo que não te vejo, rs!
Oi Querido Amigo,
ResponderExcluirEncontros que muitas vezes já estavam escritos no destino, e quando narrados por você se tornam obras primas, cheias de realidade e finais felizes...
Parabéns pelo texto...Um abraço e beijo na Ticiane...
OLá Bento, boa noite!!
ResponderExcluirInteressante a tua crônica, Bento, e te confesso, que a medida que ia lendo, parecia-me a reportagem de um fato acontecido na vida real. Pelo visto é ficção. Mas pra mim, real! Temos visto tantos casos assim, não é mesmo?
Mas gostei, porque prendeu-me a atenção de forma agradável!
Uma graça desenho da Taci, que deve ser uma lindeza! Beijos a ela!
Bjos pra ti...
Bento....amei tua cronica..li sem respirar...
ResponderExcluirTeus contos sempre tão reais...
E a nossa artista cada dia mais inspirada!!
Um beijo a vc...um especial a Taci..
Olá Bento carissimo amigo,
ResponderExcluirNa realidade existe muitos casos assim como no teu conto.
Acredito que muitos encontros ja estão escrito no livro do acaso.
Gostei imenso!
O desenho da sua filhota ficou encantador. Agora com 7 anos, parabéns a ela, e que Deus lhe conceda sempre coisas especiais.
Grande abraço amigo!
Boa tarde, Bento.
ResponderExcluirBastante contundente e realista o seu texto; creio que em qualquer noite de qualquer pessoa pode vir a ocorrer algo assim.
O inesperado sempre acontece.
Abraço, Bento.
Olá estimado amigo Bento,
ResponderExcluirFiquei te esperando, a você e a Taci. Trabalhos escolares nos roubam muito tempo, né? Te aguardo para a próxima. Oportunidades não irão faltar.
Nota 5.
Li o teu conto, logo no Domingo, e achei que foi bonita a tua atitude. Afinal, foi o primeiro texto em teu blog. Recoradr é viver. Há, sempre, aquele carinho, não dá para esconder, nem explicar.
Sabes, Bento, a situação por ti descrita, imaginada por ti, ou tendo sido ela real, acontece a muito "boa gente", e não é preciso sermos adolescentes.
O comportamento da garota, enfim, não vou aplaudir, nem reprovar, porque meu curso não é de Direito, mas, situações iguais ou semelhantes a que tu descreveste, são, INFELIZMENTE, normais (não me queria revelar, mas tenho pouco jeito para máscaras ou eufemismos).
O homem, nesse caso o Márcio, foi bem passional, como o são quase vocês todos. Ficam "cegos".
O conto teve um final feliz. Até quando? Não sabemos, visto que a narrativa, embora sendo fechada, se pode imaginar o que fez o marido depois, etc, etc. (bem, mas isso já é a minha imaginação, que está trabalhando).
Te desejo uma boa semana, em harmonia.
Abraços da tua amiga Portuguesa.
O desenho de tua filha se ajeita ao tema (menino e menina de mãos dadas). Piaget gostaria de ver seu desenho e classificar a sua intenção/associação.
Êta, na hora do acidente me deu uma coisa aqui(...), Preocupei sabe. rs!
ResponderExcluirBem escrito esse conto Bento, muito real, bem feito. O que mais se encontra por ai são pessoas que se conhecem em noitadas e preferem permanecer um na vida do outro. Criam elos reais, sabe.
Abraços, até breve. "-"
Ah, o desenho da sua filha *-*
ResponderExcluirTextos de estreia sempre dão um gostinho bom, né? xD
Gostei daqui. Visita-me?
;D
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAchei muito bom o conto Bento.
ResponderExcluirDiferente e surpreendente.
Tem tudo né?
Romance, suspense,tragedia...
Completo.
concordo com o comentario acima!!! tem de td!!!! e um tom de comedia tbm!!
ResponderExcluirbjao!!!
opinandoemtudo.blogspot.com.br
"Estavam meio ébrios. Outros, meio sóbrios"
ResponderExcluirmesmo assim, no plural e tudo, encontro aqui a melhor definição de "vida", meu caro amigo bento.
abraço!
p.s. li o conto de enfiada e reli-o. a segunda leitura foi além da primeira, tantos são os não-ditos que nos escapam ao primeiro olhar. ah, e li, também, um outro texto que nos projeta ainda mais além das nossas próprias significações: a ilustração da pequenita ticiane.
Olá estimado amigo Bento,
ResponderExcluirHoje, mais do que nunca, a palavra AMIGO, se justifica.
Somos migos, nem preciso questionar. PARABÉNS, A AMBOS, DE CORAÇÃO.
Criei ontem, de madrugada, meu 2º blog: LUZES E LUARES. Gostaria da opinião do Sr. Professor. Posso contar contigo? Eu sei, que sim. OBRIGADA.
Abraços de estima e amizade.
Boa noite amigo querido !
ResponderExcluirSabia que na bilheteria da vida os ingressos para comprar um amigo se encontra nos atos e atitudes e dai nos humanizamos .Por isso que te fiz de meu amigo.
F*E*L*I*Z***D*I*A***D*O***A*M*I*G*O***!!!
Desculpa a demora para retribuir sua visita ao meu blog! Eu fiquei sem computador por uns ias, mas estou de volta!
ResponderExcluirBeijinhos e Feliz dia do amigo!
Te espero no meu blog!
Passei para agradecer o comentário em minha entrevista no Poetas de Marte. Gostei muito do conto, do desenho e já estou seguindo seu espaço.Parabéns.
ResponderExcluirInteressante conto, professor Bento.
ResponderExcluirAbraços!
Querido amigo Bento
ResponderExcluirEste conto parece um fato real que normalmente acontece aqui na minha cidade.
Amigos voltam para casa ébrios após um happy hour e as vezes morrem com a colisão de seus carros.
Mas me prendeu desde o início e com um fim inesperado.
Também me encantei com o desenho da pequenina grande desenhista.
Beijos a Taciane
Um grande abraço.
Boa tarde, Bento. Passei para te desejar um excelente fim de semana e ver se havia postado. Como disse anteriormente, esse texto deixou-me bastante sensibilizada assim que comecei a ler!
ResponderExcluirBeijos na alma, e fique na paz!
Um beijo na sua filha tão criativa.
Ela já fala o que quer ser quando crescer?
Caso não, artista plástica seria excelente opção!
Parabéns pelo conto Bento. Embora fictícia, em dado momento cheguei a imaginar que se tratava de um fato real, que pudesse, quem sabe, ter acontecido algum dia. Isso prova a capacidade do autor em conseguir colocar realismo em meio a ficção. Um grande abraço.
ResponderExcluir"O encontro" parece real, acontece muito.
ResponderExcluirQuem sai de noite e eu adoro... A gente vê muitos solitários assim "ao léu, meio ébrios.
Pensei q ela tinha se jogado na frente do carro, não sei porquê...
Eu adoro ler contos baseados na vida da gente "vida real".
Beijinho.
Bom dia amigo Bento,
ResponderExcluirComo estás? E Taci?
Passando para te agradecer, de coração, os teus inteligentes, constantes e gentis comentários nos meus blogues.
Excelente dia, vivido em paz e alegria.
Abraços de estima da Luz.
Muito belo o conto professor Bento, parabéns pelo trabalho. Um bom restante de férias a você, afinal, já já, lá vamos nós! Não é mesmo?
ResponderExcluirUm grande abraço!
Hoje é dia do Escritor, parabéns Bento!
ResponderExcluirGosto mto de ler aqui! Parabens pelo seu dia, viu?! Hoje é dia do escritor :)
ResponderExcluirBeijos!
Boa noite, Bento. Passei para te desejar um feliz dia do Escritor e a todos que passarem por aqui e que são também, uma vez que não alcançarei a todos.
ResponderExcluirBeijos na alma, e fique na paz!
Bento, caro amigo!
ResponderExcluirVim te agradecer pelo belíssimo comentário em razão do aniversário de minha mãe. Obrigada!
Grande abraço!
Estou passando por aqui correndo !!!!!
ResponderExcluirMas não poderia deixar de vim aqui só para te dizer isso.
Hoje lembrei de ti escritor
que faz de cada palavra
criada á imagem descrevi-da
em metáforas com amor
dentro da magia falada
te abraço com fervor
F*E*L*I*Z***D*I*A***D*O***E*S*C*R*I*T*O*R
Teu conto é brilhante.Lindo e o de=senho da Taciane, um amor e pegou bem o espírito...Adorei e obrigado pelo carinho,tá?
ResponderExcluirabraços ainda praianos,chica
Um dos contos que mais gostei aqui no seu espaço, tocou-me muito a união entre ambos!!
ResponderExcluirBeijinhos, espero por ti no meu espaço, com opiniões para dar sobre o que faço,
Pensando com Arte.
Seu carinho especial é justificado. O conto nos envolve e mostra aspectos distintos do significado do amor. Bjs.
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