Pintura de Taciane, minha filha com sete anos, então com cinco.
Como tudo no Japão é diminuto e
eficiente, o haicai não uma exceção.
Para quem não conhece, haicai é um pequeno poema de origem japonesa que surgiu no século
XVII com Matsuo Bashô, Kobayashi e Issa. É caracterizado pela condensação,
temática paisagística e estações do ano. Valoriza a concisão
e a objetividade. Chegou ao Brasil no início do século XX e hoje conta com
muitos praticantes e estudiosos em todos país. No Japão e na maioria dos países
do mundo, é conhecido como haiku. O Haicai é feito da seguinte
forma:
Tem 17 sílabas poéticas, divididas em
três versos de 5, 7 e 5 sílabas.
1 2 3 4 5
Ra/ í /zes/ plan/ta/das
1 2 3 4 5 6 7
No/ vas/to/ cam/pó/ do/ cor/po
1 2 3 4 5
Ca/su/los /de/ so/nhos" (Zemaria
Pinto)
Temos bons
praticantes do haicai, como Millôr Fernandes, Alice Ruiz, Paulo Leminski, Luiz
Bacellar, Zemaria Pinto, Aníbal Beça, Guilherme de Almeida e muitos outros.
Quero agradecer a amiga Elisa T. Campos do blog Pintando Haikai
e
o grande amigo Cristiano Marcell do blog Haicai e Não Machuca por
terem me cedido seus maravilhosos haicais para esta postagem.
Eis alguns exemplos de haicais de vários autores e
após, os meus:
Velho tanque
uma
rã salta
barulho d'água
(Bashô)
com pó e mistério
a mulher ao espelho
retoca o adultério
(Millôr
Fernandes)
quem ri quando goza
é poesia
até quando é prosa
(Alice
Ruiz)
Me perdi ao olhar
o desanuviar das brumas
gaivotas a bailar. (Elisa T. Campos)
o desanuviar das brumas
gaivotas a bailar. (Elisa T. Campos)
Um voo bonito
parece que estão indo
pro infinito! (Cristiano Marcell)
E a agora os meus haicais:
Vê-se, pelo menos,
Uma estrela deslumbrante
Na aurora: é Vênus.
Dá-me sempre um tédio
A política que não sara
Com nenhum remédio.
Plaina com estilo
De árvore, em árvore,
Um alado esquilo.
Canta mui melhor
À medida que envelhece
O macho curió.
Tubarão-martelo
Com nosso macaco-prego
Será que tem elo?
É como um caudilho,
Que quer comandar no rio
O grão crocodilo.
Ao mudar as penas,
O pássaro nunca dá
Um chilro apenas.
É sempre no outono
Que as folhas se precipitam
Perdendo seu trono.
Sempre à cor da mata
O camaleão, quando nasce,
Logo ele se adapta.
Preso numa gaiola,
Curió na solidão
Ainda cantarola.